terça-feira, 17 de abril de 2012

Sólon de Atenas: remédios contra a crise


A situação da classe média da Atenas ao início do século VI era parecida com a nossa. Naquela altura a classe média eram os agricultores e se não eram capazes de pagar um sexto da colheita ao dono das terras arrendadas eram vendidos como escravos polos seus credores. Hoje os credores são os bancos e mentes estamos a pagar os créditos -com juros sempre abusivos somos os seus escravos e as propriedades nunca são nossas até fazermos o último pago. Naquela altura e obrigados pola necessidade muitas pessoas saíram da Ática para procurarem melhor sorte noutras poleis. Hoje a nossa juventude mira para Europa com esperança de futuro, especialmente para a Alemanha.
Como ademais de político, Sólon (em castelhano, Solón) era poeta, assim canta a sua obra:


Mas eu, para quantos fins reuni o povo,
de quantos desisti sem os alcançar?
Pode ser testemunha no juízo do tempo
a mãe suprema dos Deuses Olímpicos,
a melhor, a Terra negra, de que outrora arranquei
os marcos da hipoteca, enterrados por toda a parte.
A que era antes  escrava é livre agora.
Reconduzi a Atenas, pátria fundada pelos deuses,
muitos que haviam sido vendidos, com justiça
ou sem ela, e outros que tinham fugido
forçados pela penúria, que já nem falavam ático,
de tanto andarem errantes por todo o lado.
(frg. 36 West)
Tradução: Maria Helena da Rocha Pereira in Hélade, 139

Que fez Sólon para remediar a triste situação da maioria dos habitantes de Atenas? No fragmento fala na abolição das dívidas e no retorno dos emigrantes, mas sabemos que ele também fez muitas mais coisas como obrigar aos pais a ensinar ao filhos os seus ofícios, instaurar medidas de protecção da agricultura e do comércio, criar uma moeda própria, etc... Nos próximos anos assistiremos a algo parecido com isto, claro que se quem nos manda conhecesse a Sólon, possivelmente o arranjo chegaria antes.

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